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“Enquanto durmo, este povo silencioso de estátuas e pinturas, esta humanidade remanescente, paralela, continua de olhos abertos a velar pelo mundo a que, dormindo, renunciei. Para que o possa encontrar novamente ao descer à rua, mais velho eu e precário, porque mais duram afinal as obras da pedra e da cor do que esta fragilidade de carne. [...] Percorro mais uma vez os Uffizi, para mim o museu que soube permanecer na dimensão exatamente humana, e que é, por isso mesmo, um dos que mais amo.”

Saramago

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Cinema Campineiro

Um retrato do que sobrou dos nossos cinemas de rua...



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A petição online funciona?





As petições, tão difundidas nas redes sociais, muitas vezes são utilizadas para exigir uma mudança com algo que esteja acontecendo de errado, porém há uma certa descredibilidade quanto ao valor jurídico destas petições.

Nós, do MIScinema, pesquisamos e vamos esclarecer algumas dúvidas quando a esse ato:

Pressão popular:
 “Para Pedro Abromavay, professor de direito da FGV-RJ e diretor da Avaaz (organização internacional de ativistas), o que importa nas petições online é a mobilização que elas causam. "A validade das petições online é igual à de um protesto de rua."Apesar de soar como uma tentativa de "revolução do sofá" – pois para assinar as petições basta acessar um site e digitar dados pessoais –, Abromavay relata haver vários casos de petições que, pelo volume de adesões, ganharam atenção de políticos e até ajudaram a influenciar posicionamentos.”

Valor jurídico:

 A utilidade das petições on-line fica restrita ao campo político, ou seja, se um político (em geral senador, deputado ou vereador) toma conhecimento de que existe uma petição com 100 mil assinaturas, sabe que se apresentar um projeto de lei que atenda aquela petição terá apoio de provavelmente 100 mil pessoas.
A Constituição do Brasil diz que todo o cidadão tem o direito de criar uma petição sobre algo, de expressar e recolher assinaturas em prol de uma causa que aflija a um grupo. Porém, as petições online, que aparecem diariamente na internet, não têm valor jurídico.


Porque isso acontece?

1. não há nenhuma garantia que o nome que aparece seja de uma pessoa de verdade. Pode ser um programa-robô elaborado para criar nomes diferentes combinando alguns outros nomes e sorteando números de RG;
2. ainda que haja cuidados para que isso não aconteça e apenas pessoas de verdade votem, há risco de pessoas mal-intencionadas votarem também por outras (que nem mesmo conheçam a petição).


Mas porque assinar petições online?

Como já foi dito anteriormente, é uma ótima ferramenta de pressão popular. Tivemos exemplos claros de petições online funcionando, como no caso do novo código florestal “Veta Dilma” ou como no caso de porto alegre, que com 370 assinaturas dos usuários, a  Trensurb se viu pressionada a dar  manutenção predial em todas as estações de trem.


Então nos ajude assinando a nossa petição para o termino da contrução da sala de cinema  Glauber Rocha.






Manifesto pede a criação de uma sala de cinema gratuita no MIS Campinas (Carta campinas)

Após o fechamento do Cine Topázio, que privilegiava a exibição de filmes “de arte” e não apenas produções do circuito comercial, os frequentadores do cinema e a população de Campinas, de forma geral, ficou carente de um local de exibição que contraste com as salas dos shoppings, onde quase não há espaço para as cinematografias europeia, asiática e latina (incluindo a nacional). As exibições nessas salas basicamente limitam-se às produções de Hollywood e não oferecem ao público outro tipo de produção cinematográfica.
Diante dessa realidade, um manifesto está sendo organizado pelas redes sociais a favor da criação de uma sala de cinema gratuito no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas. Atualmente, o Museu é um grande polo de exibições gratuitas de filmes dos mais variados tipos, a maioria está fora do circuito comercial. Os filmes são exibidos em vários ciclos organizados pelos próprios frequentadores do Museu, mas, se a qualidade do que é exibido no Museu é indiscutível, a infraestrutura para a exibição e também para receber o público deixa a desejar.
No início de 2014 foi noticiado que o MIS receberia R$ 1,3 milhão do Ministério da Cultura para reforma do prédio. Na oportunidade foi dito que dentre as reformas previstas estava a conclusão da sala de cinema. Passado quase um ano nada foi feito, desta forma,a manifestação nas redes sociais também busca cobrar alguma explicação, até porque tornou-se urgente dado os últimos acontecimentos a conclusão da sala de cinema e as devidas reformas que tornem o Museu da Imagem e do Som (MIS) adequado para receber um público que busca acesso à cultura.
O manifesto está marcado para o dia 31 de janeiro, sábado, no próprio Museu. Um evento criado nas redes sociais busca convidar os frequentadores órfãos do Cine Topázio e demais cidadãos da Região Metropolitana de Campinas a manifestarem-se a favor da conclusão da sala de cinema no MIS, além de melhores condições de acesso por meio de iluminação adequada, estacionamento, segurança e acessibilidade para as pessoas com deficiência.
Uma petição online também foi aberta a favor da criação da sala. A petição já está com mais de 500 assinaturas. O objetivo é chegar a 750. (Carta Campinas com informações de divulgação)


- informação publicada no dia 21 de dezembro pelo   - Notícias de Cultura




UMA INICIATIVA INTERESSANTE



O Ideia Coletiva quer entender e ajudar a melhorar o circuito cultural da cidade, para isso está desenvolvendo uma pesquisa sobre as preferências e hábitos culturais do campineiro.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

PELA CONCLUSÃO DA SALA GLAUBER ROCHA


Campinas assistiu passivamente o fechamento dos Cinemas que existiam no Centro da cidade. Um fenômeno que ocorreu em todo o país, vitimando, sobretudo, os chamados “cinemas de rua”, motivado pela especulação imobiliária; a migração das salas de cinema para os shoppings acabou por “elitizar” um divertimento outrora popular. O último combatente a cair foi o Cineclube Paradiso cuja programação privilegiava as cinematografias europeia, asiática e latina (aqui, incluo a nacional) que não encontram espaço nos “cinemas de shopping” dominados pelos blockbusters produzidos em Hollywood.



No último dia 30 de Novembro quem fechou as portas foi o Cine Topázio, que apesar de funcionar dentro de um shopping, destinava duas de suas salas ao mesmo tipo de filmes que o público de Campinas antes só encontrava no Paradiso. A notícia de seu fechamento fez com que os frequentadores do Topázio se mobilizassem e através das redes sociais expusessem toda a sua frustração, a cidade ficaria carente desse tipo de programação. A repercussão nas redes sociais, no entanto, fez com que o poder público se manifestasse, cobrado que foi pelos munícipes, afinal o fechamento do Topázio empobreceria culturalmente a cidade.

A verdade é que pelo Topázio nada mais pode ser feito, mas isto não significa que a mobilização iniciada por conta de seu fechamento não deva prosseguir, até porque há uma saída e ela se localiza na rua Regente Feijó, que abrigou tantos cinemas no passado (Windsor, Regente e Bristol), dentro de uma das mais belas construções da cidade, o Palácio dos Azulejos, onde funciona o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas. Neste museu se preserva parte da História da nossa cidade, sua memória audiovisual. Trata-se de um rico acervo, constantemente, ameaçado pelos problemas de infra-estrutura que o prédio apresenta. Além de cumprir este importante papel para todos os moradores da cidade, o Museu serve como centro cultural, uma vez que realiza inúmeras atividades como cursos, palestras, exposições e sessões de cinema. Infelizmente, as exibições de filmes acontecem há anos em salas improvisadas, funcionando mais como um espaço de resistência, mantido pelo espírito cineclubista de seus frequentadores. Mas estas sessões poderiam ocorrer em melhores condições, fosse concluída a sala de cinema iniciada há algumas administrações.

Parece-me que este é o momento de se cobrar do poder público uma definição sobre a sala de cinema antes que o tempo a deteriore ainda mais, comprometendo o pouco que já foi feito. No início de 2014 foi noticiado que o MIS receberia R$ 1,3 milhão do Ministério da Cultura para reforma do prédio. Na oportunidade foi dito que dentre as reformas previstas estava a conclusão da sala de cinema. Passado quase um ano nada foi feito, desta forma, cobra-se alguma explicação, até porque tornou-se urgente, dados os últimos acontecimentos, a conclusão da sala de cinema e as devidas reformas que tornem o Museu da Imagem e do Som adequado para receber um público sequioso por cultura.

Sem mobilização, sem exigir do poder público que os investimentos sejam feitos pouca coisa mudará. Devemos lembrar de uma das frases mais marcantes de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, filme do cineasta brasileiro Glauber Rocha, que será homenageado com o nome da sala de cinema, de que “mais forte são os poderes do povo”, um lembrete de que sem a pressão popular as autoridades tendem a se acomodar.

(publicado na coluna de Ricardo Pereira no jornal Bom Dia Campinas)